Levedura: Wyeast 1028 London Ale (Worthington White Shield) ou White Labs WLP013 London Ale (Worthington White Shield)
Outras Especificações
Cor (SRM): 4
Temperatura de Mostura: 65.6 °C
Temperatura de Sparge: 71.1 °C (13.2 L)
Tempo de Fervura: 90 minutos
Temperatura de Inoculação: 15.6 °C
Comentário: Esta é uma pale ale secundária da Truman, desenvolvida após a P1. Em 1943, o uso de aveia em flocos foi incentivado pelo governo após uma colheita abundante em 1942. A densidade original de 1.042 era relativamente alta para a época. A cerveja utiliza um esquema de mostura com infusão única, seguido por uma lavagem de sparge.
Quando se trata em armazenar
lúpulo, surgem inúmeros questionamentos a respeito de variáveis que
influenciam. Como por exemplo, temperatura, presença de oxigênio, tipo de
processamento do lúpulo, enfim…
Abordaremos neste texto a
influência de alguns destes fatores quando armazenamos o lúpulo em casa ou em
uma cervejaria.
As condições de armazenamento
desempenham um papel importante na manutenção da integridade dos produtos de
lúpulo durante o processamento, transporte e armazenamento, e sua qualidade
final quando usadas na fabricação de cerveja.
Inúmeros cientistas estudam há
anos a química do envelhecimento do lúpulo, além de buscar formas para
minimizar a degradação, afinal de contas. Boas cervejas exigem ingredientes
bons…
O que é evidente, é que a
velocidade do envelhecimento do lúpulo muda de acordo com a variedade
utilizada. A taxa de envelhecimento para uma variedade particular é medida
utilizado o índice de guarda do lúpulo (Hop Storage Index – HSI), desenvolvido
em 1979 por Nickersen e Likens e representa a quantidade de alfa ácidos que
potencialmente serão perdidos no período de 6 meses, quando o lúpulo é
armazenado a uma temperatura constante de 20°C (TEDONE et al., 2020)
É a razão de absorbância a 275 nm
e absorbância a 325 nm de um extrato de tolueno obtido a partir do lúpulo seco
em uma solução alcalina de metanol. A teoria por trás do HSI envolve os
espectros de produtos de oxigenação formados naturalmente.
Como exemplo, pode-se verificar
um lúpulo que tenha 10% de alfa – ácidos e um HSI de 0,35 (35%). Isto significa
que, após 6 meses, o teor de alfa – ácido esperado para este lúpulo será de
6,5%. O lúpulo pode durar até 3x mais que o seu HSI se estiverem armazenados de
maneira adequada.
Como o próprio nome diz, é um
índice apenas. Serve apenas para indicar uma tendência de envelhecimento, na
prática, sabemos que a velocidade da degradação dos compostos é levemente mais
rápida do que mencionado nas análises de HSI.
Recentemente, os estudos estão
sendo convergidos para o foco no comportamento dos polifenóis durante o
envelhecimento do lúpulo. Mas isto deixamos para um papo futuro…
Deve-se reconhecer que, durante o
“armazenamento”, conforme definimos aqui, é provável que haja vários
processos agindo sobre a química do lúpulo. Haverá volatilização, oxidação
(modificação, degradação ou polimerização) e possivelmente alterações
enzimáticas.
As relações entre a degradação das
resinas macias do lúpulo e as mudanças nos óleos essencias do lúpulo foram
demonstradas em estudos antigos. Porém, o efeito da oxidação nas propriedades
organolépticas do lúpulo usado para adição de aroma ou sabor ainda não está
claramente entendido. Com a atual tecnologia na forma de embalagem do lúpulo,
utilizando embalagens que promovem uma barreira à luz e atmosfera inerte (CO2
ou N2), além do transporte em cadeia refrigerada, podem diminuir
consideravelmente a degradação oxidativa dos compostos do lúpulo. Mas vejam
bem, eu mencionei que “podem diminuir” a degradação, visto que são reações
química inevitáveis. Por este motivo, o conhecimento da vulnerabilidade
oxidativa pode permitir que os produtores otimizem a colheita, as condições do
forno e o processamento pós-colheita, objetivando fornecer lúpulo aos
cervejeiros com a mais alta qualidade possível.
Um estudo feito por Laura Tedone
e seus colaboradores, mostra justamente alguns fatores importantes para
observarmos quando se trata de envelhecimento do lúpulo. No estudo, ela
analisou três amostras de lúpulo em cones e em pellets (Cascade, Vic. Secret e
Galaxy) (TEDONE et al., 2020)
As amostras foram expostas ao
oxigênio, temperatura e umidade ambiente variável, mas não expostas à luz. Uma
amostra de cada variedade e tipo de produto foi mantida na embalagem original
desde o início e usada como referência. O experimento foi executado no período
de 16 de setembro de 2015 a 16 de outubro de 2015.
Como resultado dos testes,
observaram claramente que altos valores de HSI podem estar diretamente
relacionados ao número de dias que o lúpulo passou exposto a temperaturas
relativamente altas. Houve um aumento constante do HSI nos cones e pellets das
três cultivares ao longo do experimento. Como esperado, esse aumento no HSI
correspondeu a um declínio na concentração de alfa-ácido. Há fortes evidências
de que cada variedade de lúpulo se comporta de maneira distinta na química do
envelhecimento.
A concentração de compostos
provenientes de reações oxidativas do ácido alfa se mostraram maiores no lúpulo
Galaxy, comparando com Cascade e Vic Secret. Além disso, os betas ácidos são
menos estáveis nas amostras de Galaxy do que nas outras variedades. Um ponto
interessante mostra que o teor de umidade pode ter um efeito negativo na
estabilidade do armazenamento, particularmente na degradação dos ácidos alfa (e
beta).
As oxidações dos lúpulos em flor
foram consideravelmente mais lentas, quando comparados com pellets. Isso se
deve, principalmente a exposição maior que a lupulina sofre ao oxigênio. Visto
que o processo de pelletização torna a superfície de contato da lupulina maior,
catalisando as reações de oxidação.
As alterações nos óleos
essenciais foram muito mais significativas, em aproximadamente 30 dias dos
lúpulos expostos ao oxigênio e condicionado em temperaturas baixas.
O lúpulo Vic Secret pareceu
perder uma proporção maior de óleos essenciais do que Cascade e Galaxy, mesmo
que existem algumas diferenças entre as formas de processamento entre os
lúpulos estudados no trabalho, é evidente que todas as três variedades mostraram
um declínio preocupante na concentração de óleos essenciais. Este fato pode ser
decisivo se o cervejeiro utilizado como forma de calcular a quantidade de
lúpulo utilizado no Dry Hopping baseado na análise dimensional de mL de óleos
essenciais por litro de cerveja.
Analisando mais a fundo este
tema, alguns estudos mostram que o óleo essencial Mirceno pode ser considerado
um marcador-chave indicador de “frescor” de lúpulo. Mesmo que o processo de
pelletização degrada e oxida o Mirceno, as análises foram feitas justamente
depois do processamento do lúpulo e mostram uma queda considerável na concentração
de mirceno ao longo do tempo, e um aumento na concentração de hidrocarbonetos
oxigenados, como o Linalol. Que pode ser considerado o produto da oxidação do
Mirceno (CEOLA et al., 2019).
Obviamente não é apenas o Mirceno
que tem a característica de degradar, alguns outros hidrocarbonetos
monoterpenos e sesquiterpenos também mostram esse comportamento.
Ou seja, condições inadequadas de
armazenamento, mesmo por um período relativamente curto a temperaturas amenas,
afetam a composição dos ácidos alfa e beta, bem como o conteúdo e a qualidade
da fração volátil (óleos essenciais).
Visto isso, inevitavelmente a temperatura influencia na degradação e oxidação dos compostos do lúpulo, mas mesmo que você guarde seus lúpulos em temperaturas extremamente baixas (o que é recomendado), é importante “trocar” a atmosfera da embalagem. Para isso, purgas com CO2, por exemplo, são bem vindas. 😉
Excelentes cervejas e até a próxima…
Referências:
CEOLA, D. et al.
Headspace‐solid phase microextraction and GC‐MS followed by multivariate data
analysis to study the effect of hop processing type and dry hopping time on the
aromatic profile of top‐fermented beers. Separation Science Plus, v. 2,
n. 7, p. 245–252, 2019.
TEDONE, L. et al. Hop (Humulus lupulus L.) Volatiles
Variation During Storage. Journal of the American Society of Brewing
Chemists, v. 78, n. 2, p. 114–125, 2020.